Que tudo o que
construímos durante a nossa existência simplesmente se perca nos punhados de
terra jogados sobre a nossa sepultura.
Naquela hora, palavras não são
suficientes para expressar toda a dor que o sentimento da partida provoca nos
que ficam.
Religião, crença, fé, por mais profundos que sejam são incapazes de
traduzir o vivenciado intimamente.
Por isso, me recuso a acreditar
que a nossa vida termina com a morte. Prefiro acreditar que a dor que sentimos
nos ensina a valorizar o reencontro em algum lugar no futuro.
Que essa dor nos
leva a reflexões tão profundas que nenhum livro, nenhuma palestra, nenhum
estudo, por mais profundos que sejam têm o poder de nos ensinar.
Aprenderemos
com a dor, o que poderíamos ter aprendido com a alegria de compartilhar as
coisas mais simples da vida com os outros. Uma música ouvida juntos, um sabor
da comida partilhada à mesa, farta ou menos farta. Um silêncio naquela hora do
dia em que tudo o que queremos é apenas saber que o outro está ali, tão
disponível quanto um simples copo de água no deserto.
Talvez essa reflexão seja apenas
uma elucubração meio maluca, infantil. Talvez seja apenas uma tentativa de
conviver com a dor e o desmoronamento de sonhos que a partida provoca em nós.
Mas é dessa forma que procuro elaborar o luto que se ainda não nos atingiu,
certamente, em algum momento nos atingirá.
Sim, há aqueles que já aprenderam
a valorizar esses pequenos momentos.
Com certeza também sofrerão, a ruptura.
Para esses, defendo que deva prevalecer a fé no reencontro no “futuro”. E mais
uma vez, imagino o turbilhão de alegria que nos inundará no exato momento em
que nos reencontrarmos. A alegria, o abraço saudoso apertado, o olho no olho
querendo saber por onde tem andado aquela criatura que tanta dor nos causou.
Depois, o silêncio segurando a mão, olhar no infinito, o gozo do reencontro
festivo.
Por Lúcio Alves
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